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O hábito como aliado

Tabagismo, má alimentação, uso excessivo de álcool, falta de atividade física. Hábitos que muitas pessoas ainda consideram inofensivos são fatores de risco para o desenvolvimento de problemas cardiovasculares, cânceres, diabetes e doenças respiratórias crônicas.

As doenças crônicas não transmissíveis (DCNTs), a propósito, respondem por significante número de mortes em todo o mundo, conforme relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS) de setembro de 2022.

Embora a manutenção de práticas saudáveis possa mudar a trajetória dos pacientes, na formação profissional o foco permanece no uso de terapias medicamentosas, alerta o dr. Marcos Lange, membro titular da ABN e da recém-estruturada Comissão de Medicina do Estilo de Vida (CMEV). Segundo ele, “existe uma literatura muito rica sobre a relação entre hábitos e doenças crônicas não transmissíveis”, mas é necessário esforço dirigido para que as informações cheguem aos médicos, possibilitando a orientação qualificada permanente a seus pacientes.

Foi ao detectar essa lacuna na formação dos médicos que a ABN investiu trabalho e saberes para criar a CMEV. Seus principais objetivos são divulgar a importância dos pilares da medicina do estilo de vida para os neurologistas brasileiros – como o sono, a alimentação, a atividade física, o controle das drogas e do estresse – e realinhar detalhes da orientação médica.

“É um trabalho de educação continuada para que esse médico, membro da Academia, sempre aplique as ferramentas da medicina focadas no estilo de vida. Como orientar a pessoa do outro lado? Não basta recomendar ‘pratique exercícios’ a um senhor sedentário que acabou de sofrer um AVC. O paciente sairá do consultório e continuará sua vida normalmente, sem colocar em prática qualquer mudança. Precisamos ter uma intervenção mais concreta e resolutiva”, exemplifica.

Marcos Lange ressalta que todas as diretrizes são baseadas em evidências científicas. Assim, muita coisa pode ser resolvida dentro dos nossos consultórios.

“Se eu, médico, não conseguir ajudar meus pacientes, quem o fará? Temos estratégias que permitem que o profissional da saúde, de forma geral, eduque o paciente e faça com que ele, através de percepção própria, de análise dos seus valores e experiências de vida, comece a adotar hábitos saudáveis.” No caso de um indivíduo sedentário, a simples decisão de trocar o elevador pelas escadas faz bastante diferença, afirma o dr. Lange. “É uma forma de construir, pouco a pouco, uma nova rotina”.

É relevante manter em mente que não há fórmulas prontas: cada paciente é único. As orientações a uma pessoa que não se exercita, por exemplo, não devem necessariamente ser as mesmas a quem possui um passado mais ativo. “Pensemos em um paciente que costumava nadar quando era mais jovem. Por que não sugerir que ele resgate essa experiência e volte – paulatinamente – às piscinas?”

Webinars serão organizados pela Comissão e terão como público-alvo os membros da ABN. O primeiro, em 4 de abril, abordou as principais características da medicina do estilo de vida. A ideia, conta Lange, é publicar diretrizes da Academia sobre essa abordagem médica.

Pensando em ações a médio prazo, dentro de dois ou três anos, os integrantes da Comissão planejam criar um curso de formação para neurologistas – bem provavelmente incluindo na discussão até mesmo residentes.

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